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quarta-feira, 22 de julho de 2015

terça-feira, 21 de julho de 2015

Um resumo

Na COPEL exerci diversas funções chegando a Diretor de Operação em 1991 e Presidente em 1993. O período em que lá trabalhei foi de grande desenvolvimento da empresa. Isto permitiu-me vivenciar situações extremamente educativas, ou seja, acompanhei os problemas de uma empresa de energia elétrica a partir de um estágio em que se encontrava fragmentada, pequena, geradores diesel sendo a base energética de sistemas isolados. Quando me desliguei da COPEL ela era uma companhia de quase 10 mil empregados, 1400 MW de carga média e 3339 MW de potência instalada efetiva.
Iniciei minha atividade profissional na COPEL em sua área de manutenção de instrumentos e ensaios desde o início, de 1968 a dezembro de 1971.
Participei do comissionamento do compensador síncrono (23 MVA) de Campo Comprido, da Usina de Júlio de Mesquita Filho (50 MW), Usina Parigot de Souza (250 MW), reentrada de grupo gerador de Campo Mourão, recebimento das subestações de Figueira (230 kV), Telêmaco Borba (138 kV), Foz do Iguaçu (138 kV), ensaios de rotina em muitas outras subestações e usinas assim como trabalhos de manutenção em sistemas de controle, proteção e medição. Essa fase de minha vida profissional deu-me uma base importante para os desafios posteriores. Nela dediquei-me essencialmente a auditorias técnicas, utilizando equipamentos e ensaios gradualmente mais complexos, exigindo-se compreensão do desempenho e características de projeto e operacionais.
Em 1972 fiz mestrado por ordem da COPEL e voltei trabalhando na área de análise do sistema de potência.
Em 1973 assumi a coordenação da comissão que desenvolveu e implantou o sistema de “load-shedding” no Sul do Brasil.
Estudos de load-flow, estabilidade, surtos de tensão e religamento automático eram feitos pela minha equipe. Com a criação de um grupo de planejamento integrado passamos a participar das análises do plano de expansão da COPEL e do Sistema Interligado do Sul do Brasil. O CCOI e, depois, o GCOI foram grandes espaços de trabalhos importantes ao desempenho de nosso sistema, muito frágil até a entrada em operação da malha de 500 kV.
Mesmo trabalhando na área de estudos fui chamado a participar de ensaios especiais. Com a ANDE acompanhei a entrada em operação do conversor de freqüência instalado em Acaray assim como de 3 geradores daquela usina. A colocação em operação do conversor de freqüência foi um trabalho espetacular. Concluída a obra, mesmo com o apoio do fabricante e de especialistas de alto nível, a máquina saia de sincronismo. Conseguimos fazê-la operar e, com diversas baterias de ensaios, deixamo-la ajustada às condições de transmissão existentes.
Vivemos uma fase de grandes desafios pois os problemas de estabilidade eram imensos.
Tive também a incumbência de reestudar os ajustes das proteções das usinas da COPEL, determinando novas regulagens.
Ao final da década de 70 envolvi-me completamente no comissionamento da Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto (1676 MW). Nesse espírito participei de missão à Europa e América do Norte para avaliação do estado da arte em subestações blindadas e isoladas com SF6. Na França e Itália participei do comissionamento de painéis e regulador de velocidade da Usina de GBM. Participei de diversas reuniões para estabelecimento de parâmetros desta usina.
A partir de 1980 voltei para a área de ensaios e manutenção de instrumentos. Com recursos de bancos internacionais gerenciei a substituição dos aparelhos de testes e medidas. Assim tivemos a oportunidade de aproveitar novas tecnologias, em especial a utilização de aparelhos digitais com conexão GP-IB. A área de ensaios foi reestruturada e preparada para novas tecnologias de ensaios.
Assumi o departamento de manutenção de usinas onde implantamos o controle da manutenção preventiva (COMAP), sistemas à base de PERT para gerenciamento de grandes manutenções, novas técnicas e planos de manutenção e iniciamos a utilização de sistemas de gerenciamento informatizados. Formamos uma equipe que tem sido expoente dentro da empresa, destacando-se pelo alto nível de treinamento e capacidade de trabalho.
Na diretoria pude determinar a implantação do telecomando e automação em subestações e usinas, além da substituição do sistema de telesupervisão do sistema Copel.
Tendo sido conselheiro (junho 91 a setembro de 1991) e presidente (setembro de 1991 a dezembro de 1994) do Conselho de administração do LAC (atuamos para a revitalização daquele centro de pesquisa. Assim gestionamos para a obtenção de recursos, que alavancaram o LAC. Refizemos contrato com o CEHPAR (Centro de Hidráulica e Hidrologia Professor Parigot de Souza).  Nessa época, aproveitando oportunidade criada com a construção da Usina de Caxias, criamos o LAME, posteriormente absorvido pelo LACTEC (antigo LAC) com o nome Laboratório de Instrumentação para Diagnóstico de Materiais.
Na Copel implantamos uma coleção de relatórios eletrônicos e, principalmente, o correio eletrônico (Connect). Nessa época tivemos o comissionamento da Usina de Segredo (1260 MW).
Presidente da COPEL, minha primeira decisão foi criar o Escritório de Qualidade, subordinado à presidência. Em contrato com a Fundação Christiano Ottoni iniciamos a implementação do “Programa de Qualidade Total”, assim como o programa de treinamento “Executivo ano 2000”. A grande meta era mudar a cultura da empresa, ajustando-a aos desafios da qualidade, produtividade e competitividade.
Na Presidência iniciei a construção da Usina de Salto Caxias (1200 MW) e da Derivação do Rio Jordão, acrescentando 57 MW de geração firme à Segredo e uma geração de 6,5 MW no Rio Jordão. Este trabalho acrescentou à minha vivência política e gerencial a experiência da negociação com ONGs aguerridas, principalmente as ligadas à Igreja Católica, os ecologistas, sociedades ruralistas e outros. A burocracia junto ao DNAEE, ELETROBRÁS e secretarias do estado do Paraná foi um desafio vencido com competência por nossas equipes. Como Presidente tive de defender esses projetos junto à Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, comunidades e outros grupos de vigilância civil. O bom conceito da COPEL ajudou muito.
Generalizamos o uso do correio eletrônico, terminais e relatórios eletrônicos. A área de comunicação teve um grande incremento. Na COPEL essa área encontrava-se desatualizada, prejudicando a implementação de muitas técnicas importantes à sua otimização.
Iniciamos a implantação de linhas de distribuição semi isoladas. Negociando com as prefeituras a COPEL estabeleceu um plano de divisão de custos, permitindo o estabelecimento de um programa ambicioso e que visava resolver a baixa confiabilidade das redes de distribuição em áreas arborizadas.
Com o IAPAR e a UFPR iniciamos a implantação do Sistema de Meteorologia do Paraná (SIMEPAR). Assim o Paraná agora condições de operar suas usinas com maior segurança além de reduzir perdas enormes na agricultura e outras atividades.
Abrimos o capital da COPEL, iniciando o processo de abertura de seu capital junto à Bolsa de Valores e autoridades políticas.
Criamos com a DUTOPAR e COPEL a Companhia Paranaense de Gás (COMPAGÁS). A negociação para a criação desta empresa foi difícil pois a princípio haveria a participação da Petrobrás. Esta empresa (PETROBRÁS) forçou a criação da COMPAGÁS, querendo ser sócia da distribuição do gás no Paraná. Ao final foi impedida pelo próprio Governo Federal de fazê-lo. Na DUTOPAR o maior acionista era a GASPART, com quem tivemos um diálogo mais objetivo. A COMPAGÁS herdou o acervo técnico da COPEL gerado em muitos anos de estudos do mercado paranaense. Como sua subsidiária, a COPEL é a acionista majoritária, formando equipes e negociando com as empresas paranaenses a utilização do gás importado via gasoduto Brasil / Bolívia. Em uma primeira etapa pretendeu-se utilizar excedentes do gás da refinaria, REPAR.
O uso de fibras óticas intensificou-se, culminando com a assinatura de um convênio com a TELEPAR para a implantação de um grande circuito envolvendo as grandes cidades paranaenses com cabos OPGW.
Nesse período fui presidente da ACESA, quando participei de articulações em torno da reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro.
Fui também membro do Conselho de Administração do CEPEL (outubro de 1991 a janeiro de 1995). Como presidente da COPEL participei de diversos conselhos.

Note-se que no Paraná o presidente da COPEL reporta-se diretamente ao governador. Isto implica em grande atividade política neste cargo. Isto tornou-se intenso com as decisões tomadas no período. O presidente da COPEL era o responsável pelo planejamento energético do Estado do Paraná. A criação da COMPAGÁS, subsidiária da COPEL, mostrou bem esta condição.